Dólar volta a subir e fecha a R$ 6,18, de olho em dados internacionais; Ibovespa recua

  • 03/01/2025
(Foto: Reprodução)
A moeda norte-americana avançou 0,30%, cotada a R$ 6,1811. O principal índice de ações da bolsa de valores recuou 1,33%, aos 118.533 pontos. Dólar freepik O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (3), cotado a R$ 6,18, em uma sessão marcada por volatilidade. O dia foi de agenda econômica mais vazia no Brasil e no mundo, com os investidores repercutindo alguns dados novos dos Estados Unidos. A maior economia do mundo divulgou na quinta-feira (2) que o número de pedidos iniciais por seguro-desemprego na última semana veio abaixo do previsto e também representando uma queda em relação à semana anterior, o que mostra que a atividade no país segue aquecida. Neste pregão, também houve a divulgação de novos dados do setor industrial americano. O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que sua pesquisa de PMI de manufatura subiu para 49,3 em dezembro, maior nível em nove meses. A expectativa, no entanto, é de desaceleração. Além desses dados, os investidores continuam refletindo sobre o cenário econômico no Brasil, principalmente a questão fiscal. No fim de 2024, o Congresso Nacional aprovou o pacote de cortes de gastos do Governo Federal e as medidas já passaram a valer, mas o mercado ainda desconfia que isso não seja o suficiente para equilibrar as contas públicas. Com as medidas propostas pelo governo, a ideia era economizar R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026, e um total de R$ 375 bilhões até 2030. As mudanças no texto aprovado pelo Congresso, no entanto, devem ter um impacto de R$ 2,1 bilhões, reduzindo a economia para R$ 69,8 bilhões, segundo estimativas do Ministério da Fazenda. O mercado acredita, porém, que a economia pode ser menor e que o governo pode não conseguir alcançar sua meta de zera o déficit público (ou seja, gastar o mesmo que ganha) neste ano. Investidores e especialistas esperam ver novas medidas para a redução de gastos e equilíbrio das contas anunciadas pelo governo. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, opera em queda. SAIBA MAIS: ÚLTIMO PREGÃO DE 2024: Dólar acumula alta 27% no ano; Ibovespa tem recuo de 10% DE R$ 5,67 PARA ACIMA DE R$ 6: Entenda a disparada do dólar neste fim do ano O TOM DE LULA: Falas do presidente impactaram a moeda em 2024; entenda Veja abaixo o resumo dos mercados. Dólar acumula alta de quase 28% em 2024 Dólar O dólar subiu 0,30%, cotado a R$ 6,1811. Na mínima do dia, chegou a R$ 6,1357. Já na máxima, foi a R$ 6,1995. Veja mais cotações. Com o resultado, acumulou: queda de 0,20% na semana. No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em baixa de 0,28%, cotada a R$ 6,1624. Ibovespa O Ibovespa recuou 1,33%, aos 118.533 pontos. Com o resultado, acumulou: perda de 1,44% na semana. Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,13%, aos 120.125 pontos. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair O que está mexendo com os mercados? No mercado internacional, seguem repercutindo os últimos dados de emprego dos Estados Unidos, em dias ainda com agenda vazia por conta da virada do ano. O número de pedidos iniciais de seguro-desemprego no país recuou de 220 mil na semana passada para 211 mil nesta semana. O resultado veio abaixo das expectativas, de 222 mil. Dados relacionados ao mercado de trabalho são monitorados de perto pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) porque dão pistas sobre a atividade econômica. São, portanto, levados em conta para decisões sobre as taxas de juros no país. Segundo especialistas, os números que indicam um mercado de trabalho forte mostram que a economia americana segue aquecida. O Fed olha com atenção para esses dados porque a aceleração da economia pode impactar a inflação, em um momento em que a instituição vem promovendo uma política monetária de corte de juros. Uma inflação mais acelerada pode interromper o ciclo de cortes e até levar o Fed a voltar a elevar suas taxas, o que tende a valorizar os títulos públicos americanos — considerados os mais seguros do mundo — e o dólar. Nesta quinta, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que sua pesquisa de PMI de manufatura subiu para o maior nível em nove meses. Ponderou, no entanto, que o tom da pesquisa foi menos otimista, com empresários falando em "diminuições de volume" e "desaceleração significativa". O PMI do ISM subiu de 48,4 em novembro para 49,3 em dezembro, a maior leitura desde março. Um PMI abaixo de 50 indica contração da indústria manufatureira, que responde por 10,3% da economia do país. Economistas consultados pela Reuters previam que o PMI permaneceria inalterado em 48,4. No Brasil, em mais um dia de agenda esvaziada, destaque para a divulgação do fluxo cambial, que ficou negativo em US$ 15,918 bilhões no acumulado de 1º de janeiro a 27 de dezembro de 2024, conforme dados do Banco Central. Essa já é a terceira maior saída líquida anual de dólares da série histórica do BC, iniciada em 2008. Segundo a instituição, o resultado é fruto da saída de US$ 84,396 bilhões na conta financeira e da entrada de US$ 68,478 bilhões na conta comercial. No cenário interno, o mercado continua desconfiando da área fiscal brasileira. A XP Investimentos projeta que, com o pacote de cortes de gastos aprovado pelo Congresso, a economia do governo será de R$ 44 bilhões, contra os mais de R$ 70 bilhões esperados. "Apesar da direção correta, vemos o pacote como insuficiente para garantir o atingimento das metas de resultado primário e, principalmente, a manutenção do limite de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos", diz um relatório da empresa. O governo precisa reduzir os gastos para atingir a meta de zerar o déficit público. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público. Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico reforçaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas. O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu. Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.

FONTE: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/01/03/dolar-ibovespa.ghtml


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